A VOLTA DA VESTAL
- Vestal
- 5 de ago. de 2024
- 2 min de leitura
Finalmente chegou o dia do lançamento do meu Diário de Bordo, um investimento que iniciou na véspera do Natal de 2023, quando comecei a escrever no Terminal Barra Funda, enquanto aguardava o trem para o Aeroporto de Guarulhos. A trajetória até hoje foi longa: digitar tudo que eu havia escrito, adequar a linguagem, selecionar as fotos, procurar editora, negociar, pagar (do próprio bolso, sem patrocínio), pedir para arrumar milhares de coisinhas, a editora encaminhar o material para a gráfica, receber uma prova não satisfatória, reencaminhar, lidar com o estresse, procurar um local para o lançamento que fosse viável, fazer a divulgação, arrumar tudo e, aqui estou eu, pronta depois de oito meses para receber as pessoas.
O dia começou com afazeres domésticos, em seguida iniciei meu embelezamento. Enquanto fazia a unha, assistia as Olimpíadas de Paris, e me enchi de orgulho ao ver as meninas Rebeca Andrade e Simone Biles, da ginástica olímpica, subirem ao pódio, lindas negras. Identifiquei-me com a determinação delas, de uma forma diferente, também estou subindo no meu pódio depois de muita determinação, afinal, lançar-se sozinha no mercado editorial não é tarefa fácil, além do financeiro, tenho que lidar com muitas frustrações, como vender pouco, não ter o livro lido ou ter o convite ignorado por pessoas próximas. Não poder comparecer é normal, a indiferença dói.
No momento de colocar as caixas pesadas no carro, sozinha, me dei conta do peso da solidão. Uma coisa é opção, outra é condição. Mas a vida sempre me agracia com pessoas mais que especiais. Na Casa de Cultura estava Clara a me aguardar, para ajudar rapidamente e seguir para seus compromissos, isso é nobreza de espírito, como admiro pessoas companheiras.
Depois de tudo organizado, chega o nervoso da estreia, a sensação que temos na coxia, segundos antes de entrar em cena. Quem será que vem? A cada rosto que surge é uma explosão de alegria. As pessoas vêm sem obrigação, comparecem pelo prazer, pela amizade, pelo encontro. E o momento vira uma celebração porque estão presentes pessoas que vêm prestigiar meu trabalho, aquecendo meu coração. E confraternizam entre elas, enquanto atendo meus convidados, e formam uma corrente energética muito bonita.
A noite termina num bar, no famoso Largo da Matriz da Freguesia do Ó, com seus casarões antigos e pracinha interiorana, regada a cerveja e boa prosa, com risadas entre amigos de escola, adoráveis pessoas que embarcaram no trem da minha vida. Não poderia estar melhor.
Depois de muito tempo, e altos e baixos, retomo este espaço, criado para minha personagem, a Vestal, para desaguar seus pensamentos. E com muita honra te recebo aqui, meu caro leitor. Até a próxima!
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